segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A Corpore fez 30 anos e colaborei com um artigo na revista eletrônica incorpore-se



Revista Incorpore-se edição 30
Maturidade – Prof Mário Mello
Eu sou um corredor

Nos esportes em geral o momento mais importante de um atleta é quando ele atinge o seu auge, é quando dizemos que ele atingiu a maturidade. Esta maturidade envolve a parte técnica, física, psicológica.Fora do ambiente esportivo envolve o futuro e o sucesso na carreira. Isto, quase como uma regra, leva tempo; e é dessa maturidade que vamos falar neste artigo.

Quem não questionou o técnico da seleção brasileira de futebol na última Copa por não ter levado o jogador de futebol Paulo Henrique Ganso e também o Neymar, jogadores que estavam explodindo no time do Santos, mas, naquela época. muito jovens e em certo ponto ainda imaturos para uma competição de tão grande importância como uma Copa do Mundo de Futebol, grande paixão dos brasileiros.

É muito difícil avaliar uma situação destas, pois levando estes jovens jogadores para a Copa seria uma boa oportunidade de fazê-los ganhar experiência para o futuro na seleção canarinho, mas ao mesmo tempo, deixaríamos de levar atletas mais experientes com maior probabilidade de serem utilizados na competição.

O tempo passou e pudemos constatar que estes dois jogadores estão mais amadurecidos e experientes em relação a 2 anos atrás. Quem acompanha o futebol percebe isto facilmente e hoje eles são unanimidade em qualquer seleção de futebol.

Este amadurecimento é percebido: na regularidade do futebol apresentado, nos títulos conquistados por suas equipes, no comportamento extra campo frente ao grande sucesso como jogador de sucesso que comprovadamente já são. Este foi um exemplo vivo da maturidade de um esportista.

Mas como nosso assunto é corrida, vamos nos concentrar nas ruas, pistas e esteiras!
Podemos entender melhor sobre a maturidade com os problemas que enfrentamos na corrida, como a falta de treino ou quando somos novatos na modalidade.

Quem nunca correu com um tênis novo em um longão?  Quem nunca chegou a uma prova em cima da hora da largada, e devido a isto passou por diversos apuros!?

Quantos exageraram no ritmo de largada, numa prova ou em um treino, e com isso nem sequer conseguiram finalizar a distância exigida naquele dia?  Quem não se excedeu no vinho na véspera da prova, bem naquela prova que ele treinou tanto para ir bem? e por ai vai...

Para adquirir a maturidade na corrida muitas vezes precisamos cometer estes erros. Assim, podemos reconhecê-los e tentar não repeti-los ou ao menos minimizá-los.

Nem todos os erros se cometem, mas na prática vivenciamos dia a dia situações onde a falta de maturidade esportiva compromete o desempenho, mesmo que ela seja o desejo de completar um treino.

Podemos afirmar que a maturidade na corrida atinge seu ápice quando o corredor consegue se enquadrar positivamente nas situações da relação abaixo.  Citei diversas situações que vivencio no meu dia a dia de treinador e, claro, poderia citar muitas mais, mas acredito que estas já irão dar uma boa ideia de como só o tempo pode nos dar mais maturidade. Vamos a elas:

ü  Quando você descobre que não sabe tudo sobre treinamento e procura algum tipo de  orientação;
ü  Quando você verifica que fazer exames médicos anualmente está em sua rotina, mesmo não sentindo nenhum problema que chame sua atenção;
ü  Quando aprende a ouvir seu corpo e se permite descansar quando sente que algo errado está afetando seu desempenho, como uma gripe, uma dor na articulação ou estomacal;
ü  Quando percebe que ir a provas todo o fim de semana não ajuda em nada seu treinamento, afinal, quem consegue dosar ritmo em competição?  Esta desculpa de que vou apenas participar não cola mais;
ü  Quando planeja sua nova competição com a antecedência ideal para se preparar para a mesma;
ü  Quando aprende a equilibrar seu treinamento com sua vida social;
ü  Quando reconhece que não é doutor e nem fisioterapeuta e procura orientação especializada quando se machuca;
ü  Quando, em uma festa ou encontro, conversa de assuntos que não sejam só corrida e maratonas;
ü  Quando consegue não achar um “babaca” um cara legal só porque ele corre e um cara legal num chato só porque não corre;
ü  Quando durante uma prova deixa de disputar uma colocação com um corredor, que aliás nem conhece, porque pensa que ele não pode ser melhor que você, justo ele, um desconhecido;
ü  Quando você aceitar que uma mulher pode lhe dar uma “surra” na corrida simplesmente pelo fato de ela ser mais treinada que você, vale também pros gordinhos;
ü  Quando você aceitar que aquele tempo de 40’ nos 10km na época que você tinha 18 anos não vale mais nada agora aos 50, ainda mais com os quilos extras que atualmente carrega na barriga....então, esqueça este papo de antigamente, o que vai valer é hoje;
ü  Quando você aceitar que aos 30, 40, 50... sua recuperação e metabolismo são diferentes e não adianta se matar de treinar para ter o resultado de antes, admita que seja outros tempos e que o bom é correr bem, se sentir bem e o resultado é reflexo de seu treino multiplicado pelo fator idade, Sorry!;
ü  Essa é difícil, mas terá de assimilar, você não vai correr por toda a vida, um dia vai ter que caminhar. Quando? Não sei! Mas o certo é que com 100 anos o mais saudável é caminhar. Então, quando chegar a hora reconheça isto com sabedoria e aceite a transição. Mas quando chegar este dia não se preocupe, não vai depender disto para você ter atingido a maturidade, ou vai?
A maturidade na corrida é isto, saber se desenvolver, evoluir, não cometer os mesmos erros. Quanto mais cedo esta maturidade chegar mais longevo na corrida você será, pois você estará mais equilibrado, mais maduro, mais preparado para dizer aos seus amigos, “Eu sou um corredor”