Revista Incorpore-se
edição 30
Maturidade – Prof
Mário Mello
Eu sou um corredor
Nos esportes em geral o momento mais
importante de um atleta é quando ele atinge o seu auge, é quando dizemos que
ele atingiu a maturidade. Esta maturidade envolve a parte técnica, física,
psicológica.Fora do ambiente esportivo envolve o futuro e o sucesso na
carreira. Isto, quase como uma regra, leva tempo; e é dessa maturidade que
vamos falar neste artigo.
Quem não questionou o técnico da seleção
brasileira de futebol na última Copa por não ter levado o jogador de futebol
Paulo Henrique Ganso e também o Neymar, jogadores que estavam explodindo no
time do Santos, mas, naquela época. muito jovens e em certo ponto ainda
imaturos para uma competição de tão grande importância como uma Copa do Mundo
de Futebol, grande paixão dos brasileiros.
É muito difícil avaliar uma situação destas,
pois levando estes jovens jogadores para a Copa seria uma boa oportunidade de
fazê-los ganhar experiência para o futuro na seleção canarinho, mas ao mesmo
tempo, deixaríamos de levar atletas mais experientes com maior probabilidade de
serem utilizados na competição.
O tempo passou e pudemos constatar que estes
dois jogadores estão mais amadurecidos e experientes em relação a 2 anos atrás.
Quem acompanha o futebol percebe isto facilmente e hoje eles são unanimidade em
qualquer seleção de futebol.
Este amadurecimento é percebido: na
regularidade do futebol apresentado, nos títulos conquistados por suas equipes,
no comportamento extra campo frente ao grande sucesso como jogador de sucesso
que comprovadamente já são. Este foi um exemplo vivo da maturidade de um
esportista.
Mas como nosso assunto é corrida, vamos nos
concentrar nas ruas, pistas e esteiras!
Podemos entender melhor sobre a maturidade
com os problemas que enfrentamos na corrida, como a falta de treino ou quando
somos novatos na modalidade.
Quem nunca correu com um tênis novo em um
longão? Quem nunca chegou a uma prova em cima da hora da largada, e
devido a isto passou por diversos apuros!?
Quantos exageraram no ritmo de largada, numa
prova ou em um treino, e com isso nem sequer conseguiram finalizar a distância
exigida naquele dia? Quem não se excedeu no vinho na véspera da prova,
bem naquela prova que ele treinou tanto para ir bem? e por ai vai...
Para adquirir a maturidade na corrida muitas
vezes precisamos cometer estes erros. Assim, podemos reconhecê-los e tentar não
repeti-los ou ao menos minimizá-los.
Nem todos os erros se cometem, mas na prática
vivenciamos dia a dia situações onde a falta de maturidade esportiva compromete
o desempenho, mesmo que ela seja o desejo de completar um treino.
Podemos afirmar que a maturidade na corrida
atinge seu ápice quando o corredor consegue se enquadrar positivamente nas
situações da relação abaixo. Citei diversas situações que vivencio no meu
dia a dia de treinador e, claro, poderia citar muitas mais, mas acredito que
estas já irão dar uma boa ideia de como só o tempo pode nos dar mais
maturidade. Vamos a elas:
ü Quando
você descobre que não sabe tudo sobre treinamento e procura algum tipo de
orientação;
ü Quando
você verifica que fazer exames médicos anualmente está em sua rotina, mesmo não
sentindo nenhum problema que chame sua atenção;
ü Quando
aprende a ouvir seu corpo e se permite descansar quando sente que algo errado
está afetando seu desempenho, como uma gripe, uma dor na articulação ou
estomacal;
ü Quando
percebe que ir a provas todo o fim de semana não ajuda em nada seu treinamento,
afinal, quem consegue dosar ritmo em competição? Esta desculpa de que vou
apenas participar não cola mais;
ü Quando
planeja sua nova competição com a antecedência ideal para se preparar para a
mesma;
ü Quando
aprende a equilibrar seu treinamento com sua vida social;
ü Quando
reconhece que não é doutor e nem fisioterapeuta e procura orientação
especializada quando se machuca;
ü Quando,
em uma festa ou encontro, conversa de assuntos que não sejam só corrida e
maratonas;
ü Quando
consegue não achar um “babaca” um cara legal só porque ele corre e um cara
legal num chato só porque não corre;
ü Quando
durante uma prova deixa de disputar uma colocação com um corredor, que aliás
nem conhece, porque pensa que ele não pode ser melhor que você, justo ele, um
desconhecido;
ü Quando
você aceitar que uma mulher pode lhe dar uma “surra” na corrida simplesmente
pelo fato de ela ser mais treinada que você, vale também pros gordinhos;
ü Quando
você aceitar que aquele tempo de 40’ nos 10km na época que você tinha 18 anos
não vale mais nada agora aos 50, ainda mais com os quilos extras que atualmente
carrega na barriga....então, esqueça este papo de antigamente, o que vai valer
é hoje;
ü Quando
você aceitar que aos 30, 40, 50... sua recuperação e metabolismo são diferentes
e não adianta se matar de treinar para ter o resultado de antes, admita que
seja outros tempos e que o bom é correr bem, se sentir bem e o resultado é
reflexo de seu treino multiplicado pelo fator idade, Sorry!;
ü Essa
é difícil, mas terá de assimilar, você não vai correr por toda a vida, um dia
vai ter que caminhar. Quando? Não sei! Mas o certo é que com 100 anos o mais
saudável é caminhar. Então, quando chegar a hora reconheça isto com sabedoria e
aceite a transição. Mas quando chegar este dia não se preocupe, não vai
depender disto para você ter atingido a maturidade, ou vai?
A maturidade na corrida é isto, saber se
desenvolver, evoluir, não cometer os mesmos erros. Quanto mais cedo esta
maturidade chegar mais longevo na corrida você será, pois você estará mais
equilibrado, mais maduro, mais preparado para dizer aos seus amigos, “Eu sou um
corredor”